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Corrupção e cadáveres sem cabeça em Esteio: vereador é acusado de liderar esquema e prefeito Felipe Costella, o que fará?

  • Foto do escritor: Jaime Maldini
    Jaime Maldini
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

“Se tu continuar com essas investigações, vai ter muito a perder.”“Tentaram apagar provas do sistema.”“Na saída do expediente, fui seguida por um carro branco.”

Essas frases não são de ficção. Estão registradas em boletins de ocorrência feitos por servidores da Prefeitura de Esteio, que denunciaram um esquema de corrupção, perseguições, ameaças e ocultação de cadáveres. A denúncia formal já chegou ao Ministério Público sob o número 01606.000.XXX/2025 e envolve diretamente o vereador Derli Scienza, ex-secretário de obras e aliado político do prefeito Felipe Costella.

Segundo a documentação entregue ao MP, o grupo denunciado teria articulado ordens de compra fictícias, reformas em túmulos com dinheiro público para fins eleitorais e uso da máquina pública para ameaçar quem tentasse expor os fatos. Servidores relatam uma estrutura de comando operando dentro da gestão municipal, com apoio de comissionados, políticos e até um tenente da Brigada Militar.

Os fatos omitidos pelo governo municipal

O epicentro das irregularidades está na Secretaria de Obras, sob a gestão de Derli até abril de 2024. Um conjunto de ordens de compra emitidas em 01/04/2024, totalizando R$ 110.483,40, foi cancelado após descoberta de fraudes. As planilhas internas continham anotações como “pra acertar” — um indício de que empresas recebiam pagamentos e devolviam parte dos valores.

Servidores afirmam que não havia controle sobre a entrada dos materiais. Um deles declarou:

“Não existe controle de entrada de materiais. O almoxarifado recebe notas fiscais, mas os itens não aparecem.”“Comuniquei a irregularidade à chefia e me disseram: ‘isso não te compete, só faz o que mandarem.’”

Outro servidor relatou perseguição institucional:

“Passei a ser excluído das tarefas e ignorado pela chefia após questionar a ausência dos materiais que constavam como comprados.”“O próprio secretário Derli me disse que era melhor eu ‘não me meter’. Depois disso, minhas funções mudaram e fui afastado das compras.”

Ameaças e ocultação de cadáveres

No dia 13 de fevereiro de 2025, três corpos incompletos e sem crânios foram encontrados dentro de uma gaveta metálica no setor administrativo do Cemitério Dois de Novembro. Nenhum possuía autorização de exumação, e um deles sequer foi identificado.

A gestão do cemitério era de responsabilidade de Taiguara Almeida da Cunha, aliado político de Derli. Relatos dão conta de que materiais públicos eram usados em reformas de túmulos em troca de apoio político.

Uma servidora registrou o seguinte em B.O.:

“Fui informada pelo Vereador Derli Scienza e por um Tenente da Brigada Militar que, se eu prosseguisse com as investigações, teria muito a perder.”“Chegaram a ameaçar mexer no meu ponto eletrônico, com informações sigilosas que só a Secretaria de Governança e Gestão teria acesso.”

Outro boletim descreve perseguição física:

“Na saída do expediente, a servidora XXXXXXX foi seguida por um veículo Doblô branco. Assim que ela entrou no carro, o Doblô arrancou atrás, como se estivesse em perseguição.”

Há também indícios de tentativa de destruição de provas:

“Tentaram excluir documentos do sistema após minha denúncia. Quando questionei, disseram que era para ‘evitar confusão’.”“A Secretaria de Governança protege os envolvidos. É tudo controlado para não deixar rastros.”

Uso político de material público

Vários servidores relataram que materiais comprados com recursos públicos eram usados em reformas de túmulos de aliados políticos, mesmo quando os familiares não haviam quitado dívidas com o cemitério:

“Fui obrigada a liberar reformas em túmulos mesmo quando a família não quitava os débitos. Recebíamos ordens diretas para atender aliados do coordenador e do vereador.”“O material saía da Secretaria de Obras e era levado em horário de expediente para uso pessoal e político.”

O silêncio do Executivo e a continuidade do esquema

Mesmo diante de tudo isso, não há registro de sindicância ou investigação interna aberta pela Prefeitura. A atual secretária de Governança e Gestão, Priscila Moreira de Lucas, segue à frente das licitações do município, embora tenha sido citada em diversos relatos como responsável por proteger os envolvidos.

A omissão do Executivo levanta a dúvida central:Felipe Costella sabia e preferiu não agir, ou está sendo controlado por aliados que sequestraram a máquina pública?

O que se espera do MP

A denúncia formal solicita:

  • A instauração de inquérito civil e criminal;

  • A quebra de sigilos bancário e fiscal dos envolvidos;

  • O afastamento cautelar de servidores e políticos citados;

  • Encaminhamento do caso à Promotoria Eleitoral e ao Tribunal de Contas do Estado.

Se as provas forem confirmadas, a atual gestão pode ser diretamente responsabilizada por omissão, conivência ou inércia institucional.

Câmara de Vereadores será comunicada: arquivará de novo?

Além do Ministério Público, a Câmara de Vereadores será comunicada oficialmente. No entanto, há histórico de engavetamento de denúncias anteriores, o que levanta dúvidas sobre a disposição dos parlamentares em agir.

Casos já ignorados pela Câmara:

  • A denúncia de compra de votos com materiais públicos no cemitério;

  • O uso de servidores comissionados para fins eleitorais;

  • Contratos de reformas com indícios de superfaturamento;

  • Denúncias de assédio moral e perseguição institucional;

  • E as ordens de compra fictícias emitidas e canceladas pela Secretaria de Obras.

A base de apoio ao prefeito tem atuado como escudo para proteger aliados, inclusive os que são formalmente acusados de corrupção. Se este novo caso for novamente arquivado, restará claro que parte do Legislativo está comprometida com um projeto de poder, e não com o interesse público.

Nota sobre o contato ao vereador

Na data de hoje, 09/05/2025, o vereador Derli Scienza foi oficialmente contatado pelo jornalista Jaime Maldini, sendo convidado a se manifestar sobre as denúncias que o citam como um dos principais articuladores do esquema investigado. Até o momento, não houve resposta. O blog permanece aberto a declarações tanto do vereador quanto do prefeito Felipe Costella, assegurando o direito de resposta e o compromisso com a transparência da informação.



2 Comments


fraandiasdavila
há 6 dias

Gostaria de saber se as famílias dos corpos encontrados na administração já foi comunicada, como foram identificados estes corpos? Esteio esta cada dia pior com esta gestão.

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Jaime Maldini
Jaime Maldini
há 6 dias
Replying to

A pressão popular para que os representantes se manifestem é fundamental!!! Uma informação como essa dificilmente chega ao conhecimento da população.

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