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🕵️‍♂️O que Ezequiel sabe – e por que os vereadores não exigem que ele fale?

  • Foto do escritor: Jaime Maldini
    Jaime Maldini
  • 15 de jun.
  • 3 min de leitura

Na sessão que marcou a abertura da Comissão Processante contra o vereador Ezequiel Vargas, cinco vereadores votaram contra a apuração. Semanas depois, um áudio gravado pelo próprio Ezequiel foi vazado em grupos de WhatsApp. O conteúdo, ao que tudo indica, coloca em xeque a integridade de todos os membros da Câmara Municipal de Canoas.

A seguir, o trecho exato do áudio transcrito:

“A gente sabe quais são os motivos, só que eu digo pra vocês um negócio muito claro aqui, que a gente sabe de coisas que ninguém sabe que a gente sabe, tá ligado? Os caras vêm pra cima de nós. Se o dia em que a gente abrir a boca, eu vou ter que sumir do mapa, senão amanhã não tô aqui, mas cai a casa de todo mundo. Sabe, os caras pedem cassação pra mim, articulam pra eu cair, achando que ele tá apegado ao cargo, agora a gente vai acabar com ele. Se eu for cassado, aí fica claro a perseguição política. A gente vai continuar trabalhando.”

O conteúdo fala por si. Sugere claramente que Ezequiel detém informações confidenciais ou potencialmente comprometedoras e que, se decidir expô-las, não seria o único atingido. É, ao menos na aparência, uma mensagem velada com forte poder de intimidação.

O vereador Emílio Netto foi à tribuna exigir explicações públicas. Em suas palavras:

“Se Ezequiel sabe de algo ilegal e não denuncia, comete crime de prevaricação. E se insinua que outros vereadores têm atos ilícitos, deve dizer quem são e o que sabe. O que não pode é ameaçar e depois se calar.”

Segundo Emílio, houve uma reunião entre todos os vereadores para tratar do assunto. Ezequiel não negou a autenticidade do áudio e limitou-se a dizer que não mencionou a palavra “vereadores” e que “se não serviu o chapéu, ok.”

A pergunta é inevitável:

Se o áudio não se referia aos vereadores, por que se defender com “se não serviu o chapéu”?Se nada tem a esconder, por que o silêncio?

O deputado federal Bibo Nunes (PL), do mesmo partido de Ezequiel, também reagiu:

“Se ele disse que, se abrir a boca, a casa cai, então que diga por que e com quem. É o mínimo. Gerar dúvida e incerteza não leva a nada.”

🧩 O silêncio dos cinco vereadores que votaram contra a investigação

Embora 14 vereadores tenham votado pela abertura da Comissão Processante, cinco colegas votaram contra. Até hoje, nenhum deles se manifestou publicamente sobre o áudio.

E isso levanta um questionamento grave, mas legítimo:

Estaria o vereador Ezequiel barganhando apoio político em troca de silêncio sobre eventuais atos ilícitos de seus colegas?O voto contrário à investigação foi realmente técnico — ou motivado por receio de exposição?

A sociedade canoense tem o direito de saber. Afinal, se o vereador detém informações relevantes e comprometedoras sobre outros agentes públicos, ele tem o dever legal de denunciar. Se não denuncia e ainda se beneficia disso para manter apoio, pode estar praticando chantagem política — e seus colegas, colaborando com a omissão.


🧷 Opinião do jornalista


É impossível escutar o áudio de Ezequiel e não perceber seu tom de ameaça velada. Ao dizer que “cai a casa de todo mundo”, sugere saber de segredos inconfessáveis que afetam outros parlamentares ( "todo mundo"). E o fato de esses parlamentares não exigirem explicações públicas reforça a sensação de que há algo a esconder.

E aqui cabem as perguntas que o povo faria se tivesse o microfone da tribuna:

  • Há algo que esses vereadores temem que seja revelado?

  • Estão protegendo Ezequiel ou a si próprios?

  • A Câmara Municipal está sendo usada como escudo para ameaças cruzadas?

A imprensa cumpre seu papel ao levantar essas dúvidas. O que não pode é o silêncio continuar sendo a resposta institucional para um escândalo potencialmente muito maior do que parece.

Por Jaime Steinert Maldini – jornalista (registro nº 0021146/RS)

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